A princípio, Heleno decidiu ir para a África por dois motivos: conhecer a cultura africana como um todo e realizar um safári. A partir dessa vivência, ele resolveu continuar explorando o continente, combinando a viagem com trabalhos voluntários em troca de hospedagem e alimentação.
Na Zâmbia, ele passou três semanas como voluntário em uma pequena escola infantil. No Malawi, mais três semanas ajudando uma ONG com pintura e manutenção de espaços comunitários. Na Tanzânia, atuou em um orfanato auxiliando crianças em situação de vulnerabilidade. Em Uganda, contribuiu com o gerenciamento de redes sociais para uma organização local. Atualmente, está no Quênia, como voluntário em um hostel, sendo responsável pela área de social media.
“Essa jornada tem sido profundamente transformadora pelo aprendizado constante, pela conexão com pessoas de diferentes realidades e pela possibilidade de contribuir de forma prática nos lugares por onde passo”, diz ele.
O vacariano ainda conta que, em todos os lugares em que conheceu até agora, sejam pontos turísticos ou comunidades, foi muito bem tratado.
“Lembro que na Zâmbia, as crianças se aproximavam para me tocar nas mãos, nos braços e até no cabelo, movidas pela curiosidade. Durante meu voluntariado no Malawi, fiquei hospedado em uma pequena cidade do interior. Durante as três semanas que estive lá, todas as manhãs eu recebia algum alimento das lavouras locais: milho, frutas, legumes... Mesmo com o pouco que tinham, faziam questão de compartilhar. Uma palavra que ouvi bastante por aqui foi Muzungo, que significa "homem branco" ou "estrangeiro"”, declara.
E é claro que, um dos maiores aprendizados de todo esse tempo lá, veio das crianças. “Convivi com elas em uma cidade onde há racionamento diário de água e energia, crianças que têm muito pouco, quase nada, mas que ainda assim dividiam seus lanches com os outros. Elas estavam sempre sorrindo, alegres, brincando com o que tinham, sem reclamar de nada. Foi nesse momento que aprendi a lição: nunca mais reclamar da vida, mas sim, agradecer pelo que tenho”, reflete ele.
Curiosidades sobre alguns dos oito países no continente africano em que Heleno esteve:
Trânsito: todos eles utilizam a mão inglesa para dirigir;
Religião: a maioria das pessoas é cristã e vão à missa (culto) nos domingos;
Alimentação: há um forte consumo de pratos à base de milho. O mais tradicional é o ugali, que lembra muito a nossa polenta em sabor e textura, mas é feito com milho branco;
Poligamia: em países como Tanzânia e Uganda, a poligamia é legalmente permitida e socialmente aceita em algumas comunidades, o que reflete as tradições locais e religiosas;
Transporte: apesar da presença de apps como Uber e Bolt, o que predomina mesmo são as motos (conhecidas como boda boda) e as mini vans que mudam de nome conforme o país: matatu, dala dala, táxi ou ônibus. Um detalhe curioso é que essas vans só saem quando estão completamente cheias, então não existe um horário fixo para partir.
Explorando de coração aberto
Na África do Sul: Cape Town se destaca pela imponente Table Mountain, considerada uma das sete maravilhas da natureza. O Parque Nacional Kruger, onde é possível fazer safáris;
Em Botswana: Delta do Okavango oferece uma experiência muito diferente, com safáris aquáticos em um ambiente natural surpreendente;
Na Zâmbia e no Zimbábue: Cataratas Vitória impressionam por sua força e beleza. É um espetáculo natural comparável às Cataratas do Iguaçu, mas com características únicas;
No Malawi: Lago Malawi, com águas cristalinas e paisagens tranquilas;
Na Tanzânia: ilha de Zanzibar e suas praias paradisíacas. Monte Kilimanjaro, que é o ponto mais alto da África. Parque Nacional Serengeti, famoso pelas migrações de animais e o Lago Vitória, o maior do continente.
Em Uganda: floresta de Bwindi, onde é possível observar gorilas em seu habitat natural. O país também oferece passeios pelo Rio Nilo, que nasce ali.
No Quênia: reservas e parques nacionais, especialmente a região do Maasai Mara, conhecida tanto pela vida selvagem, quanto pela forte presença da cultura Maasai.
Embora esteja morando fora há bastante tempo, Heleno segue muito conectado com Vacaria, até porque seus pais e amigos ainda moram aqui. Depois de passar por tantos lugares, ele acabou ganhando um novo olhar sobre a nossa cidade.
“Vi muita coisa bacana em cidades menores, com bem menos estrutura que Vacaria, mas com um senso de comunidade muito forte. Quando existe vontade coletiva e espaço para que boas ideias floresçam, as mudanças acontecem. Também vejo muito potencial em projetos sociais e de voluntariado, especialmente com os jovens, algo que funciona muito bem em vários lugares onde estive e que fortalece o senso de pertencimento”, comenta.
Por fim, Heleno afirma que “o que hoje parece loucura, amanhã pode ser uma das suas melhores memórias. Se fosse pra ficarmos parados num só lugar teríamos raízes. Mas temos pés,e eles servem pra caminhar, explorar, viver”, conclui o viajante.