Desde o primeiro encontro com a cliente, compreendi que não se tratava apenas de criar um espaço bonito e funcional, mas de costurar memórias, valores e emoções em cada ambiente.
O conceito do projeto nasceu da ideia de memória afetiva. Incorporamos ao espaço elementos simbólicos e pessoais, como a máquina de costura da mãe, o vaso e o tapete que remetem à avó, os tecidos vichy, os botões antigos e as flores delicadas. Esses itens não são apenas decorativos: fazem parte de uma identidade. Cada canto foi pensado como um espaço que fala, silenciosamente, de afeto, cuidado e herança emocional.
Na paleta de cores, escolhemos o azul-marinho como tom principal. Ele transmite uma sofisticação serena, é profundo, atemporal e remete tanto à tradição da costura quanto à elegância discreta. O xadrez vichy, presente em detalhes têxteis e revestimentos, evoca lembranças simples e reconfortantes. As flores e os botões aparecem como pontos que costuram suavidade e identidade à composição dos espaços.
A funcionalidade foi tratada com o mesmo cuidado que a estética. Como o espaço abriga múltiplos usos, como produção artesanal, loja e ensino, os ambientes foram desenhados para respeitar o fluxo natural entre essas funções. O ateliê é prático, com bancadas bem iluminadas e organização eficiente dos materiais. A loja é convidativa, permitindo que os produtos feitos à mão sejam os verdadeiros protagonistas. Já a escola é versátil e acolhedora, com espaços adaptáveis para aulas de costura, scrapbooking, tricô e outras artes manuais.
O projeto precisava refletir essa diversidade, permitindo que cada produto encontrasse seu lugar sem perder o charme e a autenticidade do ambiente artesanal. Projetar a Nine foi um privilégio. É um daqueles projetos que tocam a gente para além do profissional, porque nos fazem parte de um sonho.
Responsável técnica: Gabriela Vieira de Brito - Arquiteta e Urbanista pela Pontifícia Universidade Católica