O Fusca 1500 1971, na cor azul bebê, chegou na garagem de Daniel Machado há nove anos. O músico, tempo depois, comprou uma Telecaster Groovin e mandou pintá-la da mesma cor, deixando seus itens preferidos combinando e em pleno funcionamento
O sonho de criança de Daniel veio a se realizar em 2015, quando encontrou o Fusca que queria, no tom desejado, na cidade de Três Cachoeiras. Com cicatrizes do tempo e tendo a maioria dos acessórios originais e outros de época, como o bambuzinho (suporte que fica embaixo do volante), o carro ganhou algumas modificações, como um sistema de ignição mais moderno e uma bobina de ignição que não esquenta.
“Fusqueiro sabe o problema que é quando esquenta a bobina ou gruda o platinado. A idade dele pediu alguns reparos e, graças a eles, o Fusca segue sendo meu meio de transporte diário”, conta.
Segundo ele, diversos problemas já aconteceram em suas andanças com o azulão, como pneus furados na estrada, dias de chuva em que a água invadiu o interior do automóvel e um assalto em seu condomínio, onde roubaram a bateria dele, o som e algumas ferramentas.
“Morei em Passo Fundo para fazer faculdade, e viajei por quatro anos, indo e voltando nos finais de semana, para visitar minha família em Vacaria. Em uma dessas viagens, o parabrisa estourou, então tive que rodar me defendendo de folhas e insetos que batiam no rosto. Outra vez, dei carona para três amigos que também moravam em Passo Fundo, cada um com uma mala, o que resultou em pouco espaço e muito aperto. Isso são histórias e memórias que só quem tem carro antigo entende e pode contar. É o tipo de perrengue que não me importo em passar”, recorda-se, rindo.
Em 2019, o vacariano tatuou no braço seu parceiro de aventuras, para assim eternizá-lo. Apesar de adorar relíquias, Daniel nunca levou seu Fusca em um encontro de carros antigos. Mas a pouca exposição não impediu que as propostas de compra chegassem.
“Já perdi a conta de quantas vezes estive abastecendo e ouvi perguntas como: quer vender? Que ano é? Quer quanto no fusquinha? Sei que me arrependeria de vendê-lo, pois ele é único e cada vez mais raro”, comenta.
Para fazer companhia, ano passado Daniel adquiriu uma Telecaster Groovin de um amigo, modificando-a completamente e deixando-a, praticamente, como irmã gêmea do Fusca.
“Mandei em um marceneiro, que fez alguns recortes nela, para aliviar o peso e ficar mais confortável de tocar. Em seguida fizemos a pintura, que foi bem fácil decidir a tonalidade devido ao carro ser azul bebê. Depois, veio a montagem da elétrica e a regulagem. Troquei as tarrachas e, como só utilizei o corpo dela, os captadores foram substituídos por um kit exclusivo para Telecaster, da marca Sérgio Rosar”, explica o músico.
Daniel finaliza, dizendo que possivelmente, seus itens preferidos vão ficar nas mãos de filhos e netos, e que espera que eles tenham o mesmo cuidado com os velhinhos, que ele está tendo.
“Em troca dessa dedicação, você ganha momentos incríveis e felizes, o que pra mim é o principal”, conclui.