Vida de campo

No dia 28 de Julho comemoramos o Dia do Agricultor, profissional responsável por uma das áreas mais importantes da economia do nosso país. Por esse motivo, homenageamos o pequeno e o grande produtor, acompanhando sua rotina e entendendo as principais dificuldades do ofício em nossa região

01/07/2018 Especiais Carolina Padilha Alves Tiago Sutil e Bruna Bueno

Vivemos em uma região do Brasil de extrema importância para a oferta de alimentos, tanto nacionalmente, quanto no setor da exportação. A agricultura está presente em praticamente todo o solo gaúcho, tendo a soja, o milho, o arroz e o trigo como as principais culturas praticadas no Rio Grande so Sul. Se colocado em grau de importância, a maçã, a uva e o fumo ficam lado a lado deste conjunto de produtos.

O agronegócio está ligado diretamente à vocação primária do estado, o que cooperou para o crescimento de empresas que tem sua linha de produtos voltada à produção rural, como máquinas e tratores, fertilizantes, adubos, defensivos, entre outros.

Tradicionalmente, a agricultura empresarial prevalece, porém a agricultura familiar é extremamente relevante, já que ela é a responsável por trazer alimentos básicos para a mesa de todos os brasileiros. Graças aos estabelecimentos familiares que os frutos nativos, tão importantes para os pilares da nossa cultura, são cultivados e levados para outros locais, fazendo com que pessoas de todas as nacionalidades conheçam os encantos da nossa terra.

Esses trabalhadores rurais, geralmente, atuam em propriedades de pequeno e médio porte, sem muita tecnologia e contando com a mão de obra familiar, apresentando dificuldades como uma baixa produtividade e a falta de incentivo por parte do governo.

Conheça melhor essas duas realidades rurais na matéria a seguir:

Agro empresário

Vinicius Ceron é formado em Administração, porém trabalha ao lado de seu pai, Clodoveu Ceron, há mais de vinte anos no setor da agricultura. A empresa familiar começou quando Clodoveu largou seu escritório de contabilidade e seu emprego como professor de universidade, para plantar em um pedacinho de terra. Assim, emancipou seu filho com dezesseis anos, para que os dois pudessem seguir neste caminho juntos.

Hoje, os dois possuem três propriedades, com uma área de total de 1500 hectares, sendo 80% área própria e 20% área arrendada, onde cultivam milho, feijão, trigo e seu carro chefe, a soja. Contam com maquinário próprio e dez funcionários que se dividem entre as fazendas e o escritório, que fica no centro da cidade e cuida de toda a parte contábil, financeira e jurídica. “Sou um administrador no diploma, porém me sinto um agrônomo na prática, depois de tantos anos de experiência. Gosto do que eu faço e me sinto desafiado a acompanhar todas as novidades desse setor que está sempre em evolução”, comenta Vinicius.

A propriedade que visitamos é equipada com uma unidade de recebimento, secagem, limpeza e armazenamentos de grãos. A Agropecuária Ceron não é sementeira, mas sim produtora de grãos, comprando as sementes de empresas especializadas. Assim como não atua no setor de exportação, mas negocia com instituições que exportam.

Para Vinicius, trabalhar com agricultura está cada vez mais complicado, já que o momento tecnológico exige inovação a todo momento.

“Uma vez, o fato de subir no trator e sair para plantar e colher, era o suficiente para fazer a produção girar. Hoje, para operar uma colheitadeira é preciso ter estudo para entender uma máquina completamente informatizada, com funções que anos atrás jamais pensaríamos que existiria”, explica.

O proprietário também comenta que não encontra dificuldades no quesito incentivo governamental, já que sempre recebeu dinheiro para investimentos, mas aponta que as taxas de juros para os agricultores poderiam ser mais baixas. Além disso, mostra que, entre as sementes que planta, o feijão é o que menos lhe traz lucro, já que é uma cultura plantada e colhida todos os dias no Brasil inteiro. “No momento atual, o feijão vem tendo um resultado menor devido à grande oferta do produto no mercado, porém já houveram anos que ele nos trouxe bons resultados”, diz Vinicius.

Quando indagado sobre o maior desafio para quem trabalha com agronegócio atualmente, a resposta é clara: diminuição de custos. “Gastamos muito com o desenvolvimento da lavoura em si, como insumos, óleo diesel e tudo que faz parte do funcionamento da plantação. Com o aumento do dólar e a economia conturbada, tudo encareceu bastante, então, produzimos até 40% a mais, devido a tecnologia que vem a nosso favor, porém desembolsamos muito para manter a produção acontecendo”, reflete o empresário.

Apesar dos percalços, Vinicius é incansável na busca por melhorias para o seu negócio e está sempre preparado para mais um dia de trabalho.

Agricultura familiar

Marcelo Carraro foi criado em meio a propriedade de seu pai, Antenor Antonio Carraro, o qual criava gado em uma pequena propriedade em Monte Alegre dos Campos. Com o passar do tempo e com o curso de Técnico Agrícola completo, ele começou a transformar o espaço de 72 hectares de terra e agregar a plantação de hortaliças e algumas frutas, comercializando em feiras locais a partir de 1994.

Com a demanda crescendo, decidiram planejar a industrialização desses produtos. Em 2003 registraram a empresa HF Carraro, dando início a linha de doces e conservas, que começou com pouca diversidade de sabores, mas que hoje apresenta muitas possibilidades.

O mix de produtos atualmente varia entre doces de corte, geleias com e sem adição de açúcar, sucos integrais, extrato e molho de tomate, barrinhas, doces em calda, entre outros. Marcelo trabalha em conjunto com a esposa, filha, cunhada, pai, mãe e mais dois irmãos. Em época de safra, a equipe conta com no máximo vinte e cinco colaboradores e abastece o mercado convencional, como mini mercados, supermercados, feiras, loja de especiarias e atende as prefeituras de toda a região, também mandando produtos para vinte estados brasileiros.

Sua plantação é dividida entre uva, maçã, kiwi, figo, caqui, marmelo e dois hectares e meio de frutas nativas, contando com um sistema agroflorestal misto com animais, como porcos, ovelhas, galinhas, patos, gado, etc. A propriedade é certificada como produção 100% orgânica pelos órgãos competentes.

A família possui sua filial em Vacaria, que funciona como um estoque, onde trabalham mais cinco funcionários na parte da distribuição. “Participamos da Rede Ecovida, no grupo de trabalho Circuito Sul, que possui diversas estações que trocam mercadorias entre os pequenos produtores. Nós, por exemplo, não plantamos tomate mas recebemos desses nossos parceiros, para que possamos fazer o extrato e o molho para venda”, explica Marcelo.

Participando do início ao fim das etapas de plantio e produção, Marcelo e sua família destacam o trabalho duro que é ser um produtor rural orgânico.

“Não é uma realidade muito fácil, pois somos produtores, indústria e comércio. Por mais que seja uma empresa de cunho familiar, essas três cadeias precisam estar em sintonia e nem sempre as coisas andam como gostaríamos. Porém, a união de esforços faz com que o negócio esteja sempre em ascensão”, comenta.

Com uma empresa pioneira na agricultura orgânica da região, Marcelo segue em busca de melhores soluções para os projetos de sua família e afirma que, em meio das plantações, é onde ele pretende passar o resto de seus dias.

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