Expedição: Ucrânia

As férias de verão no Leste Europeu foram carregadas de muita neve, sopa e visitas a lugares incríveis

01/04/2018 Expedição Carolina Padilha Alves Carolina Padilha Alves

Um intercâmbio feito pela AIESEC, uma organização de jovens responsável por levar estudantes para todos os cantos do mundo, foi o meio que me fez conhecer a Ucrânia, destino considerado incomum entre os brasileiros. Fui viajar no verão de 2013, ano em que concluía a minha faculdade de Jornalismo, e por isso me inscrevi para os países que tinham vagas para trabalho voluntário na área de comunicação.

Apesar do meu inglês ser intermediário, e não fluente, aceitei a vaga da Ucrânia, que consistia em dar aulas em escolas públicas e particulares sobre a cultura do meu país de origem. Com a ajuda de alguns slides na apresentação e de outros brasileiros que tinham a mesma função que eu, consegui completar o trabalho.

A Ucrânia é um país desenvolvido, onde nas escolas os alunos aprendem até cinco línguas e, nas mais conceituadas, aprendem a tocar piano e outros instrumentos, além das aulas de culinária, passando o dia todo no colégio. Lá, não existem assaltos, roubos ou grande perigo nas ruas. As pessoas são calmas, organizadas, conversam pouco e por isso são consideradas fechadas, porém são muito receptivas e educadas com os estrangeiros. Os senhores de mais idade falam Ucraniano e Russo, e não sabem muito bem a língua inglesa, o que dificulta bastante a comunicação. Nesse caso, a mímica tornou-se a linguagem universal.

A diversidade não é um ponto forte no país. Todos tem olhos claros, cabelo liso, e estatura alta. Pessoas negras, tatuagens e mulheres de cabelo curto, por exemplo, são raros de se encontrar. Devido às baixas temperaturas, os Ucranianos, assim como a maioria dos Europeus, não tomam banho todos os dias e também não escovam os dentes com frequência, o que faz com que todos tenham um sorriso amarelado. A ingestão diária de um shot de vodka para esquentar, traz um cheiro forte de álcool em locais fechados como o metrô.

No que diz respeito a culinária, o que não falta na mesa de um Ucraniano é o Borsch, sopa feita com beterraba, a qual é muito saborosa. Nos restaurantes, pratos que estamos acostumados aqui no Brasil também são servidos, como batata frita, arroz e bife. Porém, tudo isso é carregado com muito óleo, o que torna a comida bastante gordurosa.

Dos locais a serem visitados lá, destaco a cidade de Lviv, que em comparação com o que conhecemos aqui, ela seria a Gramado da Ucrânia. Para quem gosta de esquiar, na cidade de Slavske encontra-se uma linda e enorme estação de esqui, sendo um ótimo programa para o final de semana. Na própria capital, Kiev, atrações não faltam, como os balés e óperas, restaurantes e cafés com comidas típicas, o estádio Olimpiyskyi que costuma sediar os jogos do time Dínamo e, pra quem gosta de coisas realmente diferentes, Chernobyl é parada obrigatória.

    Cidade fantasma

Chernobyl, na verdade, é o nome da usina nuclear que explodiu em 1986, a qual fica na cidade de Pripyat, 100 km da capital. O povo ucraniano é extremamente patriota, e por esse motivo sente vergonha do acontecido, já que a provável causa apontada para a explosão foi um erro humano, cometido pelos operadores da usina.

O desastre ficou conhecido no mundo todo, já que é considerado o pior acidente nuclear da história, em termos de mortes e problemas de saúde que aparecem a longo prazo, como câncer e anomalias. Isso devido a grande quantidade de radioatividade que foi liberada na atmosfera, fazendo com que a cidade de aproximadamente 45 mil habitantes fosse evacuada por completo.

Pouco tempo após o acidente, foi construído um “sarcófago” que fica em cima do reator 4, para conter os níveis de radioatividade que ainda é liberado no local da explosão. Há alguns anos atrás, o governo abriu para visitação de turistas curiosos, porém o passeio é cheio de limitações:

- Até a chegada em Pripyat, a van que leva os visitantes passa por vários postos fiscais e em todos eles a guia turística, que fala em ucraniano e em inglês, mostra para eles uma autorização e se responsabiliza pelos turistas;

- A primeira visita é feita em um museu, que conta a história do desastre em detalhes, com fotos, vídeos e um memorial para os trabalhadores que faleceram lá;

- É obrigatório o uso de máscaras durante todo o tempo de visitação;

- A guia disponibiliza aparelhos para medir a radioatividade, a qual não pode passar de 3.0, pois acima disso é considerado perigoso;

- Não é permitido entrar nas construções, somente olhar e tirar fotos da porta ou das janelas. A única construção em que se pode entrar é um antigo orfanato, que fica distante da usina, em um pequeno vilarejo;

- Tudo é mantido exatamente igual ao dia em que as família foram retiradas, portanto não é permitido tocar em nada;

- Ao final do passeio é obrigatório passar por uma máquina que identifica se o seu corpo absorveu radioatividade, principalmente nas extremidades das mãos e pés e em utensílios como celular e câmera fotográfica;

- O tempo máximo de passeio é de 3 horas.

Estar em um local em que um acontecimento histórico dessa magnitude ocorreu, é fantástico. A cidade fantasma carrega consigo muitas histórias, algumas fantasiosas, outras não, mas principalmente apresenta o legado de muitos trabalhadores que lá perderam suas vidas.    Foi uma experiência ímpar!

Carolina Padilha Alves - Jornalista da Revista C20

 

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