Especial: Polícia Civil e Militar

No dia 21 de Abril é comemorado o dia do Policial Civil e Militar, os quais tem uma das missões mais importantes do mundo: agir a favor da lei e da proteção da sociedade

01/04/2018 Especiais Carolina Padilha Alves Bruna Bueno e Tiago Sutil

Essa data comemorativa foi instituída propositalmente no dia do enforcamento de Tiradentes, o patrono da polícia brasileira, que era membro da 6ª Companhia de Dragões de Minas Gerais, grupo que lutou na Inconfidência Mineira.

Para muitos, as diferenças e áreas de atuação da Polícia Civil e Militar, ainda é um pouco confuso. São sistemas distintos, porém colaborativos entre si, representando sempre o interesse público e mantendo a estrutura organizacional de combate ao crime. Conheça suas diferenças mas, principalmente, a importância da profissão, além de algumas curiosidades e histórias interessantes dos policiais de nossa cidade.

Polícia Civil

A Polícia Civil, dirigida por delegados de polícia de carreira, tem a incumbência de investigar as infrações penais, constituindo a Polícia Judiciária, ou seja, a Polícia investigativa e repressiva. Nessa atuação, quase a totalidade dos trabalhos da Polícia Civil passa despercebido ao público em geral, pois suas funções são o registro de ocorrências, levantamento de locais, obtenção de provas, formalização de procedimentos policiais, os quais, quando finalizados, são remetidos ao juiz e promotor, para que lá sejam analisados e iniciem-se os processos criminais para aplicação da lei. Vêm a público apenas os casos de maior repercussão, sejam nos graves crimes ou nas grandes operações com mobilização maior.

A Polícia Civil nos Campos de Cima da Serra atua através da 25ª Delegacia de Polícia Regional do Interior, com sede em Vacaria. Conta com quatro delegados de polícia: Carlos Defaveri, Vitor Boff, Anderson Lima e Flademir Andrade. O quadro se completa com dez comissários, vinte e oito escrivães e inspetores, três economiários, dois motoristas e um auxiliar administrativo, abrangendo dez municípios.

Defaveri é delegado de polícia há dezenove anos, e dirige a região há quatro. Já presenciou os mais diversos acontecimentos em nossa cidade. Apesar de ser uma função que requer extrema responsabilidade e, muitas vezes, sangue frio, o delegado se diz apaixonado pela profissão. Atualmente, sua função é preponderantemente administrativa, na gestão da Polícia, mas por muitos anos conduziu diretamente as investigações. “Sempre cumpri o meu papel, aplicando a lei e a ética em tudo o que eu faço. Procuro não humilhar ninguém, nem mesmo a pessoa que está sendo acusada e presa por qualquer tipo de crime. Tenho orgulho do trabalho da delegacia de Vacaria”, comenta o delegado. Defaveri ainda diz que o efetivo de policiais está aquém do necessário, mas que a formação, comprometimento e qualidade dos servidores viabiliza o trabalho, com ótimos resultados.

Em Vacaria são encontradas:

  • Delegacia Regional (órgão administrativo, de correção e gestão);

  • Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente: que apura atos infracionais e crimes a que são vítimas os menores;

  • Delegacia de Pronto Atendimento: com o serviço de plantão permanente e confecção dos procedimentos de menor potencial ofensivo. O Plantão da Polícia Civil atende 24 horas por dia e é responsável pelo registro de ocorrências, confecção dos flagrantes, primeiras providências de local de crime e de peças de investigação. Importante mencionar que existe a Delegacia Online, onde uma vasta gama de eventos podem ser registrados sem perda de tempo. As ocorrências da Delegacia Online são direcionadas à respectiva delegacia. (www.delegaciaonline.rs.gov.br);

  • Posto Policial Para a Mulher: especializado em crimes de violência de gênero e contra a mulher;

  • Dp Vacaria, que apura os crimes de maior potencial ofensivo, como furtos, roubos, tráfico, homicídios, etc;

  • Cartório: Setor das delegacias onde são elaborados os procedimentos policiais, com depoimentos de vítimas, testemunhas, cientificação dos acusados, perícias, etc;

  • Seção de investigações: Setor responsável pelas investigações de crimes sem autoria conhecida, como furtos, roubos, homicídios, estelionato, etc. Também faz a repressão permanente de crimes como tráfico de drogas, organizações criminosas, receptação, entre outros;

  • Gabinete: setor centralizado, onde o Delegado de Polícia recebe as ocorrências de sua atribuição, distribui, determina as diligências e depois conclui o procedimento, com indiciamento ou não, para remessa ao juiz ou promotor.

Homicídios

A Polícia Civil trabalha com mais de mil e quinhentos tipos de crime, mas aqueles que atentam contra a vida merecem sempre a prioridade dos trabalhos, sejam homicídios, latrocínios, ou lesão corporal seguida de morte. Esses crimes são um “eletrocardiograma” difícil de prever. Enquanto em grandes cidades do estado as mortes dolosas tem no tráfico de drogas a razão principal dos homicídios, aqui as razões são plurais: crimes passionais/violência doméstica, crimes de roubos ou de mando, por excesso de consumo de álcool, e, claro, uma parcela tendo como motivação o envolvimento com as drogas.

Por serem, muitas vezes, investigações difíceis, enigmáticas, de fatos que provocam muita dor e repercussão à ordem pública, alguns casos ficaram marcados na mente dos policiais, em razão da forma de execução, de certas peculiaridades ou da complexidade. Conheça um destes casos:

Homicídio no bairro Imperial

A equipe de investigações foi chamada para atender um homicídio no bairro Imperial, este com uma informação inusitada: a vítima teve a cabeça decepada. Enquanto se fazia a análise do local, chegou outra informação mais assustadora ainda, vinda do bairro Municipal: crianças brincavam com uma cabeça humana.

Graças a uma abordagem a dois suspeitos pela PM dias antes (um deles o indivíduo que fora morto), e a um perfeito registro de ocorrência no plantão, a polícia chegou a um indivíduo tatuado, justamente quem levou a cabeça do homem dentro da mochila para um traficante do bairro Municipal.

A polícia conseguiu resolver tudo em três dias, apurou quem matou, quem decapitou a vítima, quem transportou e quem recebeu, havendo a prisão dos três indivíduos. Na verdade, não foi uma “encomenda”, como se comentou. Foi um ato de fúria de um criminoso que tentou adquirir drogas do fornecedor, e este não quis vender porque o usuário já lhe devia. Indignado, o homem teve um momento de raiva e cometeu o macabro crime. Mesmo afirmando que não teve nenhuma participação ou mando, o homem que recebeu a cabeça já foi julgado e condenado por júri popular a quatorze anos de prisão.

Alguns números da 25ª Delegacia - 2017:

  • A Polícia Civil indiciou 2.458 pessoas pela prática de crimes na região;

  • Registrou, só em Vacaria, 1.1308 ocorrências, 595 prisões, sendo 393 em flagrante;

  • Investigações Criminais concluídas: 5.147 investigações remetidas à Justiça e ao Ministério Público, com 2.458 indiciamentos;

  • Homicídios e Latrocínios: 11 homicídios em Vacaria, o segundo menor número em vinte anos.

Polícia Militar

O 10º BPM, responsável pelo Policiamento Ostensivo dos Campos de Cima da Serra, foi criado em 12 de maio de 1970, através do Decreto – Lei n 20.277, tendo como Patrono o Coronel José Rodrigues Sobral.

A partir de 1º de abril de 2004, passou a contar com um novo Quadro de Organização, ficando estruturado administrativamente de quatro Seções e operacionalmente constituído por quatro Companhias, sendo as 1ª e 2ª Cia com sede em Vacaria, a 3ª Cia com sede em Lagoa Vermelha e a 4ª Cia com sede em Sananduva, totalizando uma circunscrição de área territorial de vinte e dois municípios.

Atualmente, em Vacaria, o Comandante do 10º é o Tenente Coronel Fabiano Domênico Paim. O seu Subcomandante é o Major Rodrigo Schwaab da Silva e o Comandante das 1ª e 2ª Cia de policiamento é o Capitão Douglas Moraes Silveira. No ano de 2017 a Brigada Militar comemorou no dia 18 de novembro, seu octogésimo aniversário. O Tenente Coronel Paim, destaca o que é necessário ter para se tornar um bom policial. “Acima de tudo, o policial deve ser vocacionado, paciente, equilibrado, pacificador, mediador e resistente às frustrações do dia a dia. Estar capacitado a assegurar o bem estar e a segurança da sociedade perante a aplicação das leis, mesmo que isto venha em detrimento ao seu próprio bem estar e segurança. O Policial deve ser um indivíduo dotado de iniciativa e coragem, não deve ter receio de se expor em condições adversas, precisa ser tolerante as críticas diante da incompreensão das pessoas, devendo priorizar o cumprimento das leis e da técnica policial”, completa.

O 10º BPM anualmente desenvolve o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência) junto às Escolas Municipais e Estaduais, buscando preparar a criança, adolescente e o jovem, os munindo com informações e treinamentos para o enfrentamento e superação de obstáculos do cotidiano. Também atua na prevenção da violência doméstica, por meio das ações de fiscalização das medidas protetivas com a Patrulha Maria da Penha. O resultado desses programas, aliados ao trabalho dos militares que atuam na manutenção da ordem pública, é de pacificação e incentivo a uma cultura de paz. Esses objetivos, são pautados pela necessidade de desenvolver e aplicar técnicas mais eficazes e eficientes de prevenir, controlar e combater a criminalidade.

Trabalhar na Polícia Militar Brasileira, é uma atividade em que se carrega um enorme fardo sobre os ombros, fardo este que precisa ser compartilhado com a sociedade e, em especial, com alguns setores dela. “Dividimos nossa responsabilidade com os legisladores, que cada vez mais abrandam as leis, gerando sentimento de impunidade e que acabam encorajando ainda mais os delinquentes, com o sistema penitenciário que não tem a menor condição de recuperar um apenado, com o sistema político, econômico, social e educacional, em sua maioria, inadequado”, explica o Tenente Coronel Paim.

Alguns Números do 10º BPM - 2017:

- Prisões realizadas : 1817

- Termos Circunstanciados Lavrados: 702

- Boletim Comunicação Ocorrências Lavrados: 1678

- Prisões de Foragidos: 159

- Drogas apreendidas: 28 Kg (maconha, craque, cocaína)

Família Andreatta

Mauro do Amaral Andreatta é servidor público estadual desde 1991, lotado atualmente na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Vacaria. Pai de quatro filhos, todos Policiais Militares, Mauro sente prazer em dizer que, desde muito jovens, eles já trilharam suas próprias vidas com bastante personalidade, optando pela área da segurança.

O mais velho, Roger, é oriundo da Guarda Municipal de Vacaria e trabalha desde 2013 na Polícia Militar de Santa Catarina, em Bom Jardim da Serra. O segundo filho, Denis, está desde 2009 no 10º BPM em Vacaria e logo se tornará um dos Sargentos mais jovens do Rio Grande do Sul, com apenas 29 anos. O terceiro filho, Jean, é oriundo do Exército, lotado de início do 11º BPM, localizado na Zona Norte de Porto Alegre, e atualmente lotado no 10º BPM em nossa cidade. Mateus, o último filho, é Policial Militar desde 2016, também lotado no 10º BPM. “Eu sinto muito orgulho dos meus filhos e nora, da profissão deles e das pessoas que eles se tornaram. É ótimo poder trocar experiências profissionais, além da relação paternal”, comenta Mauro.

Como se não bastasse a família toda envolvida no policiamento, Mauro ainda tem uma nora também Policial Militar. Lueli Nunes da Silva Andreatta é casada com Mateus e atualmente tem sua lotação em São Leopoldo, no 25º BPM. “Eu e o Mateus casamos em 2013, alguns meses antes de prestarmos o concurso, e então, passamos e fizemos todas as etapas juntos. Todos amamos o que fazemos e não consigo ver nenhum de nós fora da segurança pública. Está no sangue, já que tenho mais cinco policiais na minha família materna”, declara Lueli.

A convivência com a rotina policial de Mauro, foi determinante para que os irmãos se interessassem pela profissão, influenciando diretamente na escolha de se tornarem Militares. “Por mais que as profissões tenham funções distintas, as experiências são parecidas, o que acrescenta e favorece a execução do meu trabalho e dos meus irmãos, assim como do nosso pai”, diz Denis. Jean relembra que, desde cedo, seu pai sempre incentivou muito os estudos. “Estudar e usar nossas características para produzir algo benéfico à sociedade e trabalhar em prol dos valores, são ensinamentos que jamais esquecerei”, diz o terceiro filho.

A história peculiar dessa família, formada por pessoas com as mesmas aptidões e capacidade, é marcada pelo amor e cumplicidade entre os membros, que dedicam suas vidas para cuidar da segurança da sociedade. “Nossa parceria é muito forte. Além de meus filhos, eles são meus melhores amigos”, finaliza Mauro.

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