Caminhão Mad Max

Ivo Cesar de Vargas passou praticamente a vida toda rodando as estradas brasileiras com o mesmo caminhão

01/07/2018 Inegociáveis Carolina Padilha Alves Tiago Sutil

Ivo tem sessenta e dois anos de idade e há mais de quarenta está na profissão de caminhoneiro. Antes disso, trabalhou como mecânico de trator de esteira em uma oficina em Vacaria e lá aprendeu tudo sobre mecânica básica, que pode ser aplicada em um momento muito importante de sua vida.

Seu pai, Joarez Vargas, tinha uma transportadora e comprou um Fiat 190H 1980, com dois anos de uso para integrar sua frota. Ivo se interessou pelo caminhão e algum tempo depois acabou comprando-o, veículo este que o acompanha há trinta e sete anos.

Um infeliz acidente nas estradas do estado do Maranhão aconteceu, estragando toda a frontal, o motor e o chassi, deixando o 190H inutilizado e Ivo muito ferido. Foi então que, sem dinheiro para voltar para o Sul e com seu instrumento de trabalho invalidado, o motorista decidiu ficar por lá, trabalhando em uma mecânica para juntar dinheiro e, ao mesmo tempo, reformar seu caminhão com as próprias mãos.

“Coloquei o que sobrou do caminhão embaixo de uma aba e morei dentro dele por um ano, enquanto trabalhava de mecânico nesta oficina. Atendia a clientela e, quando sobrava tempo, ia arrumando o meu caminhão, por isso demorei tanto para voltar à rodar”, relembra.

Ivo montou seu novo parceiro de viagem no martelinho, criando a frontal e o teto a partir de uma cabine FIAT, e colocando o símbolo da FNM (Fábrica Nacional de Motores e conhecida popularmente por FeNeMê), como uma homenagem a única empresa a produzir caminhões em solo brasileiro. Modificações foram feitas na cabine, fazendo com que coubesse três leitos, além do realinhamento de mecânica, caixa, diferencial e motor, aumentando a potência para 460 CV. Os olhos de fogo pintados no parabarro foram feitos em 1982 por seu irmão, também caminhoneiro e apelidado como Caniço, já falecido, mas que Ivo faz questão de deixar no caminhão como lembrança.

Com a fabricação totalmente manual concluída, Ivo voltou rodar as estradas do Brasil inteiro e, devido à estética que o caminhão ganhou e sua potência, por onde ele passava o apelido que os demais caminhoneiros davam era sempre o mesmo: caminhão Mad Max.

“O apelido de Mad Max veio pois ele é um caminhão antigo, com a mesma força dos novos e tem um ótimo desempenho, independente da carga. Sua aparência também chama muito a atenção e por isso até hoje as pessoas costumam tirar fotos dele em todos os lugares”, comenta.

Ivo, com sua história marcante e seu companheiro fiel, representam muito bem a classe nesse mês do motorista. Ele não pensa em trocar de profissão e muito menos de caminhão, pretendendo apenas fazer os reparos necessários para que ele continue rodando adequadamente e com segurança. “Para comprar um caminhão novo é preciso passar muitos anos pagando e isso é muito desgastante. Amo o que eu faço e por isso não tenho planos para sair das estradas com ele”, finaliza o caminhoneiro.

 

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