A arte do colecionismo

No mundo todo há pessoas que colecionam as mais variadas coisas e enxergam esses objetos como verdadeiros tesouros perdidos, fazendo qualquer negócio para conseguir o próximo item da coleção. Vamos conhecer alguns colecionadores vacarianos, que são verdadeiros apaixonados por tal prática e se orgulham de mostrar o que já acumularam até o momento

01/04/2019 Especiais Carolina Padilha Alves Tiago Sutil

O colecionismo, nada mais é, do que pessoas que tem prazer em guardar, selecionar, catalogar, expor, comprar e organizar diversos tipos de objetos. Isso parte dos interesses pessoais de cada um, sendo impossível traçar as características dos colecionadores, já que suas preferências mudam e a forma de lidar com cada coleção, também. Porém, uma coisa eles têm em comum: a busca incessante por novos itens que ajudem a completar a tão preciosa coleção.

Uns adoram expor e mostrar aos amigos seus objetos do coração, outros guardam a sete chaves e não deixam ninguém nem chegar perto. Esse hobby, que por vezes pode se tornar muito caro, é feito de forma setorial, onde se coleciona tudo sobre um mesmo assunto, ou de forma mais ampla, abraçando coisas de uma época ou década, por exemplo. Da segunda forma, torna-se muito mais difícil terminar uma coleção, já que os itens são praticamente intermináveis.

Os colecionadores ainda podem se organizar por associações ou clubes, onde encontram pessoas com os mesmos interesses e, assim, podem movimentar seu arsenal, trocando, vendendo e comprando novos objetos. Na maioria das vezes, essas pessoas possuem muito mais amor, recursos e conhecimento sobre o que colecionam, do que museus e locais próprios em que são mantidos.

A verdade é que os colecionadores ajudam a manter a história viva, mostrando para as novas gerações como tudo era antigamente. Para nos ajudar a entender como funciona a cabeça de um colecionista, vamos escutar as histórias de três conterrâneos que se dedicam diariamente à conservação de suas coleções.

Museu em casa

Emílio Camargo possui um verdadeiro museu em sua casa, onde expõe objetos que guarda desde criança. O colecionador possui peças raras, as quais busca em antiquários da capital, assim como é frequentador do Brique da Redenção, também em Porto Alegre, e mantém contato com outros colecionadores de itens antigos.

O interessante de sua coleção, além da idade de cada objeto, é que todos eles realmente funcionam. Emílio faz questão de consertar pessoalmente o que não está em perfeito funcionamento.

Em seu espaço é feito uma limpeza geral a cada seis meses, com a ajuda de sua esposa Eliane, e tudo é exposto de maneira cuidadosa, para que não pegue tanto pó. Os itens repetidos são trocados com os demais colecionadores que tiverem interesse, porém Emílio não comercializa nenhuma de suas raridades.

“Não sou ciumento das minhas coisas, adoro mostrá-las para quem quiser visitar o espaço. Porém, não admito que nada seja estragado”, diz o proprietário.

Entre os milhares de itens de sua coleção, destacamos alguns dos mais curiosos:

- Mais de 180 rádios, os mais antigos são da década de 30;

- Relógio “de aniversário” Uruguaio, pois você dá corda apenas uma vez ao ano;

- Bicicleta com farol de vela;

- Carteira de habilitação de ciclista da década de 40;

- Prensa manual usada antigamente para a fabricação de hóstias;

- Ventilador da Segunda Guerra Mundial;

- Manual do datilógrafo e todos os materiais para escritório usados na década de 60;

- Campainha e flâmula do antigo Colégio São Francisco;

- Foto revelada com pó de prata, na chapa de cobre, feito em torno de 1898;

- Peça mais antiga da coleção: extrator dentário, chamado hoje de fórceps odontológico ou boticão, de 1789.

Emílio é incansável na busca por novos objetos interessantes e não pretende parar de aumentar sua coleção tão cedo. Ele mantém viva a história dos antepassados, mostrando para as novas gerações como tudo funcionava. Seu museu pode ser considerado uma aula de história.

De pai para filha

Anne De Rossi Argenta e sua mãe, Eneida De Rossi Argenta, são as responsáveis por manter viva a coleção de chaveiros de Airton José Argenta, pai e ex marido que veio a falecer em 2010.

Airton ganhou seu primeiro chaveiro quando tinha quatorze anos, e a partir de então resolveu colecionar, montando seu acervo apenas com itens ganhados, não sendo preciso comprar nenhum dos 1.284 chaveiros que compõem a coleção.

“Depois de casados, o Airton me disse que gostaria de expor os chaveiros e tirá-los das caixas onde guardava até então. Foi quando compramos isopor, material para forrar, canaletas, as quais lixamos e pintamos, colocamos ganchinhos, lavamos de um por um e fomos arrumando”, lembra Eneida.

O colecionador, como era bastante metódico, separou os chaveiros pelo seu material e formato, deixando sempre juntos os de metal, couro, redondos, quadrados, alguns de fora do Brasil, como França, Itália, Portugal e, claro, os do Internacional, seu time de coração. Não há nenhum chaveiro repetido, já que ele trocava com os amigos por algum que ele ainda não possuía.

A família sempre foi muito procurada em épocas de gincana, para as provas de objetos raros. Porém, hoje elas optam por emprestar somente para a equipe em que são gincaneiras, deixando-os sob responsabilidade de alguém de confiança.

Anne e Eneida continuam ganhando e expondo os chaveiros, pois os amigos e familiares sabem da existência da coleção e cooperam sempre que possível com algum item novo. Airton, que hoje em dia estaria com 56 anos de idade, deve estar feliz por saber que seu hobby continua sendo feito com muito carinho e amor.

Amor pelo futebol

Mario Golin é um gremista apaixonado por futebol. Entre tantas coisas que abraçam o mundo futebolístico, ele escolheu dar atenção às camisetas, não só do seu time, mas de todas as equipes profissionais brasileiras, incluindo algumas que nem existem mais.

Acumulando um total de 1.365 camisetas, distribuídas em dois guarda-roupas, o colecionador embala de uma por uma e as mantém lacradas com plástico zip, além de dobrá-las com um papel mais grosso no meio, para que os números da parte de trás não grudem e estraguem.

Mario comprou sua primeira camiseta no ano de 1995, e desde então nunca mais parou de comprar e colecionar. Antigamente ele usava apenas o telefone para ligar nos locais e encomendar, porém hoje as coisas estão mais fáceis devido ao uso da internet.

“Procuro em sites, lojas, falo com outros colecionadores e uso todas as redes sociais para garimpar. Porém já cheguei a ligar e ir atrás de ex-jogadores, dirigentes, lojas de confecção das camisas, presidentes de times, enfim, falava e ainda falo com quem for preciso para ir completando a minha coleção”, comenta o aficionado.

No começo, sua coleção não tinha um foco e por isso ele tem algumas camisetas de times estrangeiros, como Manchester e Barcelona, por exemplo. Depois, optou por focar apenas nas de times brasileiros e conta que já teve épocas em que conseguiu comprar mais de 150 camisetas no período de um ano.

A mais antiga de todas que tem em mãos, é uma camisa do Glória do início dos anos 80, ainda com o número das costas de couro. “O Glória, assim como tantos outros times menores, não têm acervo e por isso é mais trabalhoso, tem que ir atrás até encontrar”, declara.

Mário diz não ter nenhuma camisa preferida, mas a tricolor autografada por Renato Gaúcho é a que ele faz questão de mostrar. O colecionador conta com a ajuda de amigos, que doaram para ele camisas que talvez ele nunca conseguisse sozinho, além de ter total apoio de sua esposa Bianca para manter seu hobby da adolescência.

Apesar de já ter recebido propostas de até três mil reais por apenas uma camiseta de seu acervo, Mário afirma que a última coisa que pretende fazer na vida é vendê-las.

 

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